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Futuro do Porto de Santos pós-pandemia foi debatido no Sistema Santa Cecília de Comunicação

WEBINAR – Aconteceu no dia 16 o seminário ‘O Mercado e os Executivos Pós-Covid-19’, promovido pelo Sistema Santa Cecília de Comunicação. O encontro reuniu executivos das três maiores empresas que atuam no Porto de Santos. Participaram Ricardo Arten (CEO da BTP), Antonio Carlos Sepúlveda (da Santos Brasil) e Fábio Siccherino (Diretor Comercial e de Relações Institucionais da DP World).

O programa foi transmitido por videoconferência e exibido ao vivo no canal do YouTube do Santaportal. A mediação foi de Maxwell Rodrigues, apresentador do programa Porto & Negócios. Também participaram fazendo perguntas Claudio Loureiro de Souza, diretor-executivo da Centronave, Leandro Barreto, sócio-consultor da Solve Shipping, e Carlos Alberto de Souza Filho, presidente da Praticagem do Estado de São Paulo.

Christian Barbosa, especialista em gestão do tempo há mais de 20 anos e com sete livros publicados de grande vendagem, expôs as mudanças do mundo e das empresas migrando de maneira forçada para o digital. “O Covid, em três meses, acelerou em três anos esse processo. Pessoas se acostumaram com a aula virtual, empresas tem que ter o e-commerce, caso contrário morrem, e o consumidor começa a repensar seu nível de consumo. Na internet, ele compara. E isso gera padrão de comportamento que vai aumentar a infidelidade do consumidor”, afirma. “Se a tecnologia não for o centro do negócio, empresas não vão conseguir fazer frente a outras que tenham isso e vão morrer”, emenda.

Christian também comentou sobre o home office nas empresas, algo que virou uma tendência que, ao ver de algumas corporações, irá durar bem mais tempo do que a pandemia. “Vai mudar a forma de trabalhar e, mudando isso, muda a forma de ser produtivo. Vai haver uma grande devolução de escritórios porque muitas empresas pensam em manter o home office por tempo indefinido”, afirma. “Se o funcionário não aprender a agregar valor para a empresa, ele vai embora”, emenda. “No Brasil, é um L. Ou seja, caiu e demora bastante até dar uma retomada lá na frente”, completa.

No caso do Porto, Christian Barbosa lembra que o principal desafio é justamente a mão de obra especializada. “Ainda mais em um local que vai necessitar de automação. O setor tem que fazer um esforço conjunto para desenvolver os profissionais que já estejam ou pegar mais jovens para não tirar o nível de competição com os portos do exterior. Nunca foi tão importante para o setor portuário pensar com a cabeça de startup, nem que seja para usar algo mais na frente”, explica. “Não temos que copiar 100% nada de fora em termos de gestão. Temos capacidade para criar. É observar e customizar para a nossa realidade”, emenda.

BTP
Na sequência, Ricardo Arden, CEO da BTP, mencionou a importância do setor portuário, dos cuidados com a saúde dos colaboradores e do home office nas empresas. “Enviamos 100% dos nossos colaboradores com e-book e desktop, acesso aos sistemas e sempre com a segurança da informação, em um trabalho contínuo da equipe de TI (Tecnologia da Informação). Eu entendo que não voltam para as funções no escritório os que se adaptaram bem ao home office”, comenta.

Embora o olho no olho ainda seja importante, Ricardo Arden acredita que as viagens serão menos frequentes nos negócios e que os gestores precisam diminuir o impacto do home office com o contato constante. “Traz uma nova missão para a liderança, com um conforto emocional. Na prática, pode deixar o barulho interromper o conference call. É um outro ambiente. Na BTP estamos intensificando as conversas com a equipe, aumentando confiança e influenciando na produtividade. A mudança mais significativa em termos de produtividade é no nosso sistema operacional. E a pandemia aumenta a necessidade do cliente em serviços logísticos”, conta. “No pós-pandemia precisamos acelerar os processos decisórios, tanto de iniciativa privada quanto governo. É imperativo não termos mais amarras para crescer”, completa.

Ricardo Arden falou de maneira afirmativa a respeito do processo de privatização do Porto de Santos. “Até concordo com uma privatização, mas deve ser bem planejaada, respeitando todos os acordos assinados com a União”.

DP World
Fábio Siccherino, diretor Comercial e de Relações Institucionais da DP World, reforçou que tem de haver um senso de pertencimento por parte dos funcionários em relação à empresa e entender o padrão de consumo daqui para a frente. “A tecnologia tem sido fundamental para as empresas sobreviverem à crise. Eu, por experiência própria, vejo que algumas empresas querem vender, mas na hora de trocar, patinam. Vai evoluir rápido, mas é um ponto”, detalha. “Quando ocorre uma crise, muda os seus processos, aplica tecnologia, mas vem um período de acomodação, sem acrecentar muita coisa no pós. Tomara que seja diferente”, emenda.

Siccherino valoriza a estrutura de crescimento da companhia, que permitiu contratações. “Essa visão de como se planeja estrutura de crescimento é importante, não porque prevíamos a pandemia, porque ninguém previa, mas diante de qualquer crise é possível superar com esse planejamento. E bacana porque continuamos contratando. Contraamos diversos funcionários entre abril e maio”, revela. “O capital privado vai ser fundamental para a recuperação da economia e em novos investimentos na estrutura. O Governo precisa acumular fatos e dados de segurança jurídica. Investir em tecnologia é importante, mas muitas coisas básicas como a desburocratização e as relações trabalhistas precisam ser cuidadas”, emenda. “Precisamos garantir que o Porto de Santos não perca o protagonismo”, finaliza.

Sobre a privatização, Siccherino até concorda, levando em conta os pontos possivelmente benéficos, mas é necessário conhecer com detalhes. “A dúvida é o modelo que vão adotar. Se esse modelo trouxer maior agilidade para as decisões que envolvem dragagem, de navios de maior porte entrarem no Porto, vai ser bom, mas temos que respeitar contratos e condições vigentes. Com modelo definido, fica mais fácil de opinar”.

Santos Brasil
Já Antonio Carlos Sepúlveda, CEO da Santos Brasil, lembra que a receita da empresa não foi muito diferente das outras em relação ao combate ao coronavírus, com higiene, isolamento e testes. “O que temos visto nos terminais é que a contaminação se dá em ambientes fechados, com muita gente, mais pela saliva, pelo efeito aerosol do que qualquer outro tipo de ambiente e superfície. Cabe aos líderes das empresas soluções que não sejam tão dependentes da vacina, por exemplo. Cabe aos empresários demonstrarem que suas atividades são seguras”, afirma.

Sepúlveda comentou que o home office teve êxito na Santos Brasil desde o início. “Posso passar com segurança que o trabalho administrativo não foi afetado em nada. É óbvio que tem muitas funções que são mais difíceis de tratar. Mas fica aí o aprendizado de que pode. Havia um preconceito. Há um grupo que nasceu e cresceu digital, mas há líderes que não são assim”, comenta. “No caso dos terminais, não é difícil você manter a distãncia. Não há casos de propagação nas instalações, colocando sempre o ser humano em primeiro lugar. A crise vai passar e vamos voltar à vida normal. No caso da Santos Brasil, estamos em um plano de investimento agressivo em automação. Nosso primeiro projeto é de 2008, o que facilitou o home office e a interação com o cliente. A palavra é adaptação para que o dano econômico seja menor”, emenda.

Sepúlveda também opinou sobre a privatização do Porto de Santos. “Não tive acesso ao modelo, mas a linha é muito tênue para colocar em harmonia o privado que vai administrar os arrendatários e os arrendatários”.

Histórico
Mediador do debate, Maxwell Rodrigues destaca a grande oportunidade de tratar a respeito de um futuro que está bem próximo. “O evento demonstrou de forma muito clara o recado à sociedade sobre o que o setor portuário tem a contribuir para a economia”, define. “Investimento do exterior, por exemplo, é fundamental”, completa.

Marcelo Teixeira, presidente do Sistema Santa Cecília de Comunicação, falou da importância do evento. “Temos o dever, enquanto academia, de apontar caminhos em momentos como esse. É um dia histórico. Raras vezes uma emissora de TV reuniu tantas autoridades dignas e ilustres deste ramo portuário para nós entendermos melhor e, acima de tudo, discutir os assuntos referentes à área”.

Marcelo Teixeira Filho, diretor-geral do Sistema Santa Cecília de Comunicação, reforçou esse papel. “A Unisanta, enquanto academia, e o Sistema Santa Cecília de Comunicação, com seu jornalismo imparcial, sempre estarão ao lado do maior porto da América Latina para ajudar no crescimento dele”.

Fonte: Santaportal

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