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Demanda chinesa leva minério de ferro a superar US$ 90 por tonelada

O país é o maior produtor mundial de aço e a demanda pelo metal vem aumentando de forma constante desde o fim de março

O minério de ferro, commodity usada na produção de aço e principal fonte de receita para mineradoras internacionais como BHP, Rio Tinto e Vale, superou nesta semana a marca dos US$ 90 por tonelada pela primeira vez desde meados de março, sustentado pela forte demanda chinesa.

O país é o maior produtor mundial de aço e a demanda pelo metal, muito usado na construção civil e veículos, vem aumentando de forma constante desde o fim de março, quando Pequim começou a abrandar as medidas de confinamento adotadas no país para conter a disseminação do coronavírus.

Dados divulgados pelo governo chinês na sexta-feira mostraram uma retomada na produção industrial do país em abril, depois da forte retração durante a fase mais intensa da epidemia.

A produção diária de aço bruto das grandes usinas siderúrgicas na China subiu 13%, para cerca de 2,1 milhões de toneladas nos primeiros dez dias de maio, maior patamar de atividade neste ano, segundo a corretora Argonaut Securities.

“A alta na produção de aço não resultou em excesso de oferta e em depressão nos

rapidamente e os preços do aço subiram gradualmente”, disse Helen Lau, analista da Argonaut.

Na semana encerrada em 15 de maio, o estoque total de aço na China caiu 34%, para 17 milhões de toneladas, puxado por um declínio de 37% nos estoques de vergalhões de aço, produto muito usado na construção civil.

Ao mesmo tempo em que a demanda sobe na China, as exportações do Brasil, um importante produtor, perderam força em razão da queda nas remessas provenientes das operações da Vale na floresta amazônica. O motivo do declínio não está claro, mas analistas dizem que pode estar ligado ao aumento no número de casos de covid-19 no Estado do Pará.

“Com a produção de aço bruto na China agora em um patamar maior do que há um ano, a demanda por minério de ferro está superando o volume das remessas chegando. Como resultado, os estoques portuários de minério de ferro na China estão gradualmente diminuindo”, escreveram os analistas do Morgan Stanley em relatório.

O executivo-chefe da BHP, Mike Henry, disse a investidores nesta semana que se a China evitar uma segunda onda de infecções da covid-19, ele prevê aumento na produção de aço bruto no país neste ano, compensando os declínios de mais de 10% projetados na produção do resto do mundo. O país produz mais da metade do aço no mundo.

O preço do produto referencial do mercado, com conteúdo de 62% de minério de ferro, era negociado a US$ 90,75 por tonelada na sexta-feira, segundo informações levantadas pela S&P Global Platts, 2,6% a mais do que na semana anterior.

A esse preço, as grandes mineradoras BHP, Rio Tinto e Vale conseguem gerar bilhões de dólares de caixa com a produção de suas minas de minério de ferro.

Analistas ressaltaram que as notícias de que a China poderia impor restrições ao minério de ferro australiano em razão de Camberra estar defendendo uma investigação sobre as origens da covid-19, provavelmente são infundadas.

Pequim suspendeu as importações de carne vermelha de quatro abatedouros australianos e planeja impor tarifas sobre as importações de cevada.

“A China depende da Austrália para conseguir mais de 60% de suas importações de minério de ferro”, disse Glyn Lawcock, do UBS. “Com o mercado apertado e as exportações brasileiras em queda de 12%, hoje as opções parecem limitadas.”

Fonte: Valor Econômico

 

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