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Sustentabilidade pode garantir alta na exportação de café

A preocupação com as boas práticas e a sustentabilidade garante o bom desempenho nas exportações, além de reduzir os custos de produção a médio e longo prazo. É o que afirma com convicção o diretor geral da trading de café verde Falcafé, Humberto Florezi Filho. Seu avô já trabalhava com café e tinha uma empresa familiar de mais de noventa anos que levava o nome Irmãos Ribeiro, onde Florezi começou no ramo. A trading, que era de seu pai, foi comprada há seis anos pelo grupo saudita Fal Holdings, uma das maiores empresas do país árabe, com sede em Riade.

A Falcafé produz 5% em fazendas próprias no interior de São Paulo e no sul de Minas Gerais, e compra 95% do café verde de pequenos produtores, incentivando a agricultura familiar dessas regiões.

Segundo Florezi, há mais de vinte anos a trading realiza um trabalho voltado à sustentabilidade das operações. “Sustentabilidade e qualidade sempre foram grandes preocupações da minha gestão e trabalhamos nisso há mais de vinte anos. Quando começamos com esses projetos não tinha tanto apelo, mas de oito anos para cá aumentamos muito esse engajamento”, contou à ANBA.

A Falcafé utiliza suas duas fazendas como laboratório para então replicar as experiências que dão certo com os pequenos produtores. “Realizamos treinamento para que os produtores façam uso mínimo e consciente de agrotóxicos, fertilizantes e pesticidas, com um cuidado muito grande com a água, já que há muitas nascentes nas propriedades”, disse Florezi. O trabalho, segundo ele, é preventivo. Cuidar da terra e da água, para não ter pragas e não precisar utilizar os pesticidas.

A fazenda Santa Isabel, de Ouro Fino (Sul de Minas) tem 400 hectares, sendo 40% de mata nativa. A fazenda Monte Verde, de Carmo de Minas (Mantiqueira de Minas) tem 700 hectares e preserva 60% da vegetação nativa. A sede da empresa fica em Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo.

Florezi garante que a preocupação com a sustentabilidade, como manter a mata nativa, ter um tratamento humanizado com os funcionários, cuidado com a água e uso mínimo de agrotóxicos, entre outras práticas, influencia positivamente nas exportações. “Porque cada dia mais o cliente final quer saber não só da qualidade, mas se o café que ele está tomando é sustentável, se houve algum tipo de trabalho escravo, se o produtor preservou a natureza e obedeceu às leis do país de origem, e isso é uma preocupação crescente, à medida que a população mais jovem começa a consumir, se preocupa mais com essas questões, vai atrás dessa informação”, afirmou.

O diretor informou que existem certificações de sustentabilidade de alcance mundial, como a UTZ e a Rainforest Alliance, mas que são caras e o pequeno produtor não consegue acessá-las. “Mas existe hoje uma lista de fazendas que já tiveram ou têm trabalho análogo à escravidão, divulgada pelo governo federal e nenhum desses produtores é nosso fornecedor”, enfatizou.

A Falcafé comercializa cerca de 250 mil sacas de café por ano. “A gente se enxerga mais como uma prestadora de serviços do que uma trader, com os treinamentos e a conscientização que fazemos, nós fidelizamos os pequenos produtores familiares com essas práticas, e no fim das contas, o negócio precisa ser rentável, e o produtor economiza”, concluiu.

 

Colheita

A colheita nas regiões em que a Falcafé atua é feita em sua maioria de forma manual, por serem regiões montanhosas. “Isso encarece o custo do café mas conseguimos obter uma qualidade melhor do que em lugares planos”, explicou.

Durante a colheita em suas fazendas, a Falcafé contrata funcionários terceirizados e fornece todo o equipamento e as condições de trabalho necessárias, como treinamento, transporte, alimentação, equipamentos de segurança e instalações de banheiro.

“Uma carreta realiza o transporte pela fazenda para o funcionário sempre ter próximo dele tanto alimentação quanto banheiros”, contou Florezi.

Depois de colhido, o café é colocado em sacas e levado para a usina de processamento, onde é lavado e separado em tipos. Em seguida ele vai secar em estufas com a temperatura controlada por uma semana a quinze dias. Então, o produto vai para os armazéns, onde é descascado, selecionado e padronizado conforme o gosto do torrador. Por fim, ele é exportado em sacas de 30 kg, 60 kg, uma tonelada e em contêiner de 20 pés a granel.

 

Exportações

As exportações somam 90% do faturamento da Falcafé, que embarca principalmente para Estados Unidos e União Europeia, mas tem como mercados que mais crescem a Coreia do Sul e o Oriente Médio. “O Oriente Médio é hoje um dos lugares onde mais cresce o consumo de café. Na Arábia Saudita, cresce quase 20% ao ano”, contou Florezi. A Falcafé é, inclusive, associada à Câmara de Comércio Árabe Brasileira.

Para os árabes, os principais destinos são Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Líbano e Jordânia.

Os 10% que ficam no mercado interno são comprados por marcas conhecidas pelo consumidor brasileiro como Melitta, Pilão e 3 corações, além de cafeterias de menor porte como Santo Grão, Suplicy Cafés Especiais e Wolff Café.

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