O Governo do Estado começa a traçar um plano de recuperação econômica para o pós-pandemia cujo ponto principal é atrair capital privado para alavancar projetos nos próximos dois anos. Apoio à implantação de polos industriais, recursos em infraestrutura e uma linha de trem que pode chegar à Baixada Santista são alguns dos atrativos para o período pós-pandemia. Setores da região demonstram expectativa quanto às novidades.
“A crise vai passar e São Paulo já se prepara. Vamos focar esforços na retomada do crescimento, com atração de investimentos internacionais, desestatização, enxugamento da máquina e geração de empregos para a população”, afirmou o governador João Doria (PSDB), em suas redes sociais.
Para tirar essas palavras do papel, alguns integrantes de sua gestão trabalham no chamado Plano 2021-2022, enquanto outro grupo foca na reabertura gradativa das cidades, no Plano São Paulo.
Quem está à frente dos trabalhos é o secretário da Fazenda e Planejamento, Henrique Meirelles. A pasta comandada pelo ex- ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central do Brasil destaca, em nota, que, ao contrário de situações de crises anteriores, a atual é causada por um problema sanitário e não financeiro. “Quanto mais rigorosas, disciplinadas e baseadas em dados científicos forem as ações, melhor e mais rápido venceremos a pandemia e a crise econômica”, explica a secretaria.
Uma das apostas é a atração de investimentos internacionais. Para isso, pretende-se dar sequência a viagens iniciadas em 2019 que renderam uma linha de crédito de US$ 10 bilhões (R$ 54 bilhões) do Banco de Desenvolvimento da China para execução de projetos em terras paulistas. Para atrair investidores, Meirelles deve colocar o pé na estrada em janeiro. Um dos destinos será Munique, na Alemanha, onde deve ser criado um escritório de representação de São Paulo.
Uma das propostas estudadas é a implantação de polos industriais distribuídos pelas diferentes regiões de São Paulo, com o Governo do Estado prestando assistência desde a formação de mão de obra especializada, por meio de convênios com o
Sistema S – do qual fazem parte o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Serviço Social do Comércio (Sesc), o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac) –, até a promoção dos órgãos técnicos estaduais, passando pela infraestrutura para o escoamento da produção.
Outra aposta do Estado para geração de empregos é o investimento em infraestrutura. A Secretaria da Fazenda e Planejamento afirma que tem uma série de projetos executivos nesta área, “que deverão ser implementados de acordo com a viabilidade e a partir de investimentos realizados pelo setor privado”.
Um exemplo é a rodovia que liga as cidades de Piracicaba, na Região Metropolitana de Campinas, e Panorama, na divisa com Mato Grosso do Sul, cuja licitação foi vencida, neste ano, por um consórcio financiado pelo Fundo Soberano de Cingapura, com um lance de R$ 14 bilhões para a construção de 1.273 quilômetros de pistas.
Já a licitação do Trem Intercidades (TIC) foi adiada para o próximo ano. Ele deve transportar passageiros e cargas entre a Capital e Campinas, passando por Jundiaí numa primeira fase, com investimento de cerca de R$ 7 bilhões. Quanto à Baixada Santista, a Secretaria da Fazenda explica, na mesma nota, que há um estudo para a implantação de um transporte por trilhos que deve ligar São Paulo à região, sem detalhamentos.
Em 2019, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) realizou testes com trens de passageiros saindo da Estação da Luz, na Capital, e de Riacho Grande, em São Bernardo do Campo, e chegando a dois pontos em Santos: Saboó e Terminal de Passageiros Giusfredo Santini (Concais), no Porto.
Diversos setores da economia da Baixada Santista estão na expectativa para as medidas que devem ser adotadas depois que a crise do novo coronavírus passar. Para o presidente da Associação Comercial de Santos (ACS), Mauro Sammarco, por exemplo, a elaboração de um planejamento é fundamental.
“Sem isso, a retomada e a recuperação da economia serão muito difíceis. Com certeza, tal planejamento tem que envolver investimentos privados internos e estrangeiros. O grande desafio será sensibilizar a iniciativa privada, oferecendo segurança e perspectiva de retorno”, avalia ele, que considera que o momento exige ousadia.
Sammarco acredita também que o plano precisa envolver as esferas municipais, estadual e federal e a ACS “está pronta para colaborar com o processo”.
A revisão da carga tributária é um dos caminhos apontados por alguns nomes da economia regional, como Raul Elias Pinto, diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) em Cubatão.
“Para a Baixada Santista, nós temos que exigir que a carga tributária que existe no Estado tenha alguma adequação para as atividades das indústrias, do comércio e de serviços. Estamos num momento em que vamos entrar numa guerra com os outros estados. Quem der o melhor incentivo receberá o olhar do investidor”.
O presidente do Santos Convention & Visitors Bureau (SCVB), Leonardo Carvalho, concorda. “Muito da parte tributária cabe à esfera federal, mas o Governo do Estado pode ajudar com a questão do ICMS”.
O gerente regional do Ciesp, Valmir Ramos Ruiz, lembra que, em conjunto com a Prefeitura de Cubatão, a entidade tem um projeto pronto, com incentivos fiscais, para que indústrias venham para a Baixada Santista.
“Temos indústrias de base, que não vendem o produto acabado, mas produzem, por exemplo, o que as montadoras precisam. Há espaço, incentivo, proximidade com a Capital, o Porto de Santos, o futuro Aeroporto de Guarujá, o projeto Andaraguá, de Praia Grande, estradas e ferrovias. A Baixada tem tudo. Só precisamos de apoio e incentivo do Estado”.
Fonte: A Tribuna
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