Publicações

Leilão de ‘superterminal’ mudará cara do porto e acirrará briga por contêiner

Poucos meses antes de ser privatizada, a Santos Port Authority (SPA) deverá fazer o maior leilão de arrendamento portuário da sua história, com potencial estimado de outorga na casa de R$ 1 bilhão. Mais do que gerar caixa, o novo terminal de contêineres é visto como uma aposta para reconfigurar o porto e fomentar a concorrência em suas operações.

O terminal, batizado de STS 10 nos planos de expansão, terá investimentos em torno de R$ 2,2 bilhões. Ele fica no Cais do Saboó e vai incorporar o espaço hoje ocupado pela empresa Ecoporto Santos, da Ecorodovias, além de outras áreas contíguas em uma região conhecida em Santos como “Faixa de Gaza” – o apelido surgiu porque são diversos terminais de pequeno porte que ocupam espaços em disputa com a autoridade portuária.

O STS 10 terá capacidade parecida com os terminais da Brasil Terminal Portuário (BTP) e da Santos Brasil, que hoje brigam palmo a palmo pela liderança na movimentação de contêineres em Santos. No mercado, a nova área é tida como uma possibilidade única de ganho de sinergia pela BTP, que opera bem ao lado.

O Valor apurou que outros três pesos pesados do setor demonstram forte interesse no leilão. Um deles é a China Merchants, que comprou 90% do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) em 2017. Outro é o grupo filipino ICTSI, que já opera nos portos do Rio de Janeiro e Suape (PE). Quem também se movimenta de olho na nova área, segundo fontes, é a PSA (Port of Singapore Authority).

Uma eventual vitória da BTP ou da Santos Brasil no leilão garantiria, para uma dessas operadoras portuárias, posição predominante nas cargas conteinerizadas em Santos. No entanto, comenta-se como possível a participação das duas acionistas da BTP – APM Terminals (subsidiária da dinamarquesa Maersk) e a suíça Terminal Investment Limited (TIL) – de forma autônoma.

No início deste ano, o Ministério da Infraestrutura decidiu não aceitar o pedido da Ecorodovias para a renovação do contrato do Ecoporto, que expira em junho de 2023. A empresa vinha pleiteando prorrogação por 25 anos.

Há outros contratos transitórios na área que vai ser ocupada pelo futuro STS 10, mas fragmentada entre pequenas operações.

Nos estudos preliminares do novo terminal, estima-se que ele terá capacidade para até 47,5 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) no fim do contrato, em uma área total de 463,8 mil metros quadrados.

Para que se tenha ideia do que significa o valor previsto de R$ 2,2 bilhões em sua implantação, o governo já tem chamado de “maior arrendamento portuário da história” a licitação do STS 08 e do STS 08A, dois terminais destinados a combustíveis. Eles serão leiloados no dia 19 de novembro e receberão aportes de R$ 950 milhões, juntos, em modernização e dois novos berços de atracação.

Fonte: Valor

Entre em contato

Envie uma mensagem e saiba como podemos auxiliar em seus
problemas jurídicos.

Enviar mensagem